A palestra magna do 29º Congresso das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, que acontece em Brasília, de 13 a 15 de agosto, promete levar os congressistas a uma interessante reflexão: o que nos trouxe até aqui nos levará para o futuro? A pergunta é o tema central da fala do médico e PHD em Ciência da Computação, Fábio Gandour, que abordará, dentre outros assuntos, a tecnologia e a inovação a serviço da saúde.
Formado em Medicina pela UnB e especializado em Cirurgia Pediátrica, com ampla vivência em pesquisas científicas, Fábio aprofundou seus estudos na Ciência da Computação, como uma nova e pioneira atuação no mercado da saúde, unindo de forma promissora a Tecnologia da Informação (TI) à sua rotina como médico, o que gerou inúmeros benefícios em sua trajetória profissional. Em entrevista concedida à CMB, Fábio fala um pouco sobre o que será apresentado em sua palestra no Congresso, especialmente direcionada aos que integram o setor filantrópico de saúde no Brasil.
Para Gandour, a tradição das Santas Casas e Hospitais Beneficentes é, sem dúvidas, um fator determinante para manter vivo o trabalho de todo o seu voluntariado, mas é preciso ir além. “Sabemos que a inspiração da filantropia veio muito da caridade. Mas a filantropia mudou. Até mesmo as formas de caridade mudaram. Nesse sentido, para continuar mantendo viva essa forma de trabalhar baseada na filantropia, é necessário aliá-la à inovação”, explica.
“Na minha impressão, a maior preocupação das filantrópica hoje está em como gerar recursos. Há santas casas que vivem numa penúria financeira muito grande. Mas há outras que são lucrativas, não no sentido de se obter lucro, mas de se produzir renda suficiente para se manterem atuantes e em crescimento”, explica o especialista, que promete, no evento, fazer um breve regate da história das filantrópicas, mostrando o que é válido e o que é preciso daqui em diante, frente às mudanças constantes do setor e seus desafios. “Precisamos de uma adaptação inovadora. É preciso adaptar essa tradição ao que existe de novo”, enfatiza.
“Computadores lidam com a informação e uma das áreas que mais dependem da comunicação é a área da saúde”, destaca o Dr. Fábio, que fala ainda sobre como construiu essa ponte entre tecnologia da informação e saúde: “depois de um certo tempo, cheguei à conclusão de que tinha que mudar. Precisei de uma formação adequada na área da Ciência da Computação e me aproximei mais dos computadores, como apoio às pesquisas cientificas na minha área de atuação. No início era só uma ferramenta de apoio. Depois foi ficando claro que era possível usar o computador além da atividade de pesquisa, mas como uma ferramenta da gestão da informação e apoio a decisão médica”.
Sobre o que pode ser feito pelo setor filantrópico para fortalecer sua rede no caminho da sustentabilidade dos serviços oferecidos, tanto ao SUS, como à rede privada, Gandour diz: “o setor filantrópico precisa melhorar sua gestão da informação para melhorar o processo decisório. Essa melhoria bem pode fazer parte de um grande projeto de inovação sem alterar as características básicas que trouxeram o setor filantrópico desde sua origem até o momento atual”.
Um dos focos da fala de Fábio Gandour no 29º Congresso Nacional das Santas Casas é sobre a importância da tecnologia, do empreendedorismo e da inovação na atuação em saúde. “A área de saúde sempre foi uma usuária forte da tecnologia, e a tecnologia por sua vez sempre foi a mola propulsora da inovação. Assim, temos que juntar a saúde, a tecnologia e a inovação e fazer isso trabalhar de forma a alavancar o progresso da prestação de serviços em saúde. E esse vai ser um dos focos da palestra”, ressalta.
Dentro da temática central da palestra – “O que nos trouxe até aqui nos levará para o futuro -, Goudour finaliza: “a identidade do setor prestador de saúde através da filantropia nunca vai deixar de existir, mas pode melhorar muito”.
Mais sobre o palestrante
Fábio Gandour concluiu a faculdade de Medicina em 1975. Se especializou em Cirurgia Pediátrica e trabalhou nessa área durante 11 anos, sempre se sentindo desafiado pelos problemas relacionados ao homem e ao seu ecossistema. É dessa preocupação humanista que surgiu o seu interesse pelos computadores, no início dos anos 80. Interesse que cresceu tanto que foi em busca de um aprofundamento na área, atrás de um PhD em Ciências da Computação. Em 1990, começou a trabalhar na IBM Brasil, onde atuou por 28 anos, dedicado a atender o mercado da chamada Indústria Saúde. Foi lá na IBM que viveu o mundo dos negócios, até então pouco conhecido por ele. Em 2003, surge uma novidade que, a princípio, segundo ele, parecia mais um modismo: a inovação. “Por um golpe de sorte, na hora certa, eu estava no lugar certo: o laboratório de pesquisa IBM em Almaden, na Califórnia. Foi lá que aprendi o que é inovação, como ela pode ser baseada em Ciência & Tecnologia e como ela deve ser produzida para funcionar bem”, conta.
“A possibilidade de usar Ciência & Tecnologia para a solução dos problemas foi a motivação – e o fundamento – para propor a criação, no Brasil, de um laboratório de pesquisa da IBM Research Divison. O Brazilian Research Lab (BRL) começou a ser projetado em 2006 e nasceu em 2010. Durante este período, tive a honra de ser o Cientista Chefe do BRL”.
O CONGRESSO
O Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos será realizado, de 13 a 15 de agosto, no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21. Com o tema central “Setor Filantrópico: Reconstruindo a Saúde com o Brasil”, o encontro tem como objetivo promover debates de interesse do setor filantrópico de saúde, em busca de atualizar conhecimentos e apresentar ferramentas adequadas para a melhoria da gestão e superação das crises do setor. Programação completa e inscrições pelo site do evento, em http://www.cmb.org.br/