Um dos momentos mais aguardados do encontro nacional do setor filantrópico foi a palestra magna do professor Fábio Gandour, médico e PhD em Ciência da Computação. A apresentação trouxe como tema um questionamento para as Santas Casas – “o que nos trouxe até aqui nos levará para o futuro?” -, fazendo  um paralelo entre as práticas tradicionais e os adventos tecnológicos.

O professor vê a inovação como um mecanismo para manter o sucesso das instituições. E essa inovação passa pela tecnologia, segundo ele. “A filantropia é afetada pela modernidade e inovação tecnológica”, explicou.

“A tecnologia vai alterar os componentes dessa cadeia de valor dos hospitais filantrópicos e santas casas: amparo religioso, cuidados médicos, acolhimento e óbolo funeral”. O doutor enxerga a saúde hoje no Brasil como um negócio diferente da visão de benefício social moldado, que persistia há 20 anos. “Engana-se quem acredita que esse seja o novo modelo. Essa nova visão de saúde no país, como negócio, inventou uma nova doença: morrer com saúde. A família pensa ‘morreu, mas gastamos 150 mil dólares’. Como se o dinheiro pudesse manter vivo”.

Fábio falou da necessidade de promover novos serviços para trazer os princípios das Santas Casas, que são saúde, bem-estar, segurança e acolhimento. Ele acredita que a inovação tecnológica só funciona se feita para pessoas e colocou um conceito novo em pauta: a ciência de serviço, em que é necessário estudar as estruturas etimológicas da palavra serviço e repensar como algo “para pessoas” e não “com pessoas”.

Por fim, o palestrante desafiou as Santas Casas a encararem de frente a modernidade. Apresentou diversos exemplos de novas tecnologias aplicáveis no cotidiano das filantrópicas, a fim de criar novas nuances para o fortalecimento dos pilares dessas instituições. “Entretanto, nada adianta a tecnologia se não entender a própria história. É necessário conhecer as literaturas clássicas para executar as novas tecnologias”.

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