A menos de uma semana para o 29º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, a CMB dá lugar de fala para os representantes das federações que integram o segmento. Quem conta sobre as dificuldades das Santas Casas e Entidades Filantrópicas é o Dr. Hélio Marcelo Sandrin, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Mato Grosso. O dirigente se mostra confiante com as mudanças que podem surgir através do encontro e traz pontos que precisam ser colocados dentro dos debates do Congresso. O evento, que acontece de 13 a 15 de agosto em Brasília, abordará – por meio de painéis, palestras, debates e cases de sucesso – três eixos temáticos essenciais para a eficiência do setor de saúde como um todo. A saber: Governança, Sustentabilidade e Relacionamento. Inscrições e mais informação no site www.cmb.org.br/congresso.
Perguntado sobre a importância do Congresso que se aproxima, o presidente mato-grossense foi enfático: “Estamos vivenciando dificuldades tremendas, o momento é de união. Passamos por quase 15 anos de dificuldades e esperamos que sejam minimizadas com soluções reais”. Para o representante, o segmento filantrópico está muito carente e as respostas não passam por mais empréstimos, por revisão da dívida, e sim por uma forma de chegar numa tabela SUS mais realista. Dr. Hélio também se mostrou confiante com o novo governo na valorização das filantrópicas. “Esses problemas nos levaram para escanteio, mas eu acredito que o gol vem através da mudança e o governo vai trazer essa mudança com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta”.
Para o presidente da Federação do Mato Grosso, o Congresso precisa focar numa tabela exequível do SUS e com um pagamento parelho à gestão pública. O dirigente lembra que as santas casas mato-grossenses enfrentam atrasos no pagamento das UTIs e que as instituições filantrópicas estão com 25% da fatura SUS em empréstimo consignado. “As instituições estão cavando a própria cova. Lembramos que todas as instituições estão deteriorando. Os patrimônios estão sendo destruídos. Não é possível manutenção”.
A Federação do Mato Grosso possui 17 santas casas e para o seu representante, a maior dificuldade da organização estadual vem da falta de recursos e do não reconhecimento dos trabalhos prestados pelo setor filantrópico. “Os maiores hospitais que trabalham na média e alta complexidade são os filantrópicos. Em alguns municípios, o hospital filantrópico é o único hospital da cidade” – e completa: “nós somos parceiros do SUS. Para ser filantrópico precisa prestar ao menos 60% para o serviço. No Mato Grosso, prestamos 80%. Precisamos de um trabalho que explicite a nível nacional o que representa esse serviço. Tendo o real número do que faz, recebe e o custo real dos Hospitais Filantrópicos e Santas Casas”.
Dr. Sandrin entende a modernização como o principal desafio do setor filantrópico na Saúde. O médico fala da participação no PROAD (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS), mas que é difícil colocar os ensinamentos em prática porque as Filantrópicas esbarram no problema financeiro. “Enquanto o hospital público vai ao Tesouro e consegue o dinheiro pra financiar tudo sugerido pelo PROAD , nós não conseguimos”. O dirigente finaliza pedindo para que seja mantida a humanização dos atendimentos. Segundo ele, existe um super redimensionamento do trabalho robótico, mas tratar de pessoas requer um relacionamento humano e alerta: “Temos santas casas com 300 anos. Nesses anos, quantas vidas passaram por essa Casa? Faremos melhor mantendo o bom relacionamento com a população. Nós servirmos para servir”.