Essa é a principal mensagem que Kátia Regina de Oliveira Rocha, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas) e membro do Conselho de Administração da CMB, deixa ao setor filantrópico de saúde, que se prepara para mais um Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, marcado para a próxima semana – de 13 a 15 de agosto -, em Brasília. Entrevistada pela CMB, Kátia defendeu a importância de constantes debates institucionais em busca da qualidade e da sustentabilidade do setor.
Kátia argumenta que, além de terem uma representatividade extraordinária no atendimento público, os hospitais filantrópicos precisam discutir de perto as políticas públicas da área hospitalar. “Nosso setor tem de deixar de ser mero expectador do sistema de saúde brasileiro para se transformar em protagonista da nossa história e protagonista de um SUS que a gente tanto deseja, com qualidade e sustentabilidade para o usuário do Sistema Único de Saúde, que por acaso somos todos nós brasileiros”, disse, referindo-se também à espera do segmento por políticas, contratos junto ao poder público e precificação de seus serviços.
A presidente da Federassantas defendeu, ainda, que questões como o financiamento, entre outros desafios do setor, precisam passar pelo debate institucional. Nesse sentido, citou o trabalho que vem sendo realizado em Minas Gerais, onde a representatividade das filantrópicas ultrapassa os 60% dos atendimentos SUS – com 321 hospitais e 19.729 leitos SUS. Segundo ela, há pelo menos dois anos, iniciou-se no Estado um frutífero debate do setor hospitalar filantrópico com o Ministério Público do Estado, os conselhos de secretarias municipais de saúde (Cosems) e Associação Mineira de Municípios, promovendo diálogos institucionais que antes não existiam. “Nesses debates estamos levantando, por exemplo, qual é o custo de um hospital para ter a qualidade que nós esperamos. Um estudo para medir qual é a necessidade de recurso que um hospital tem aliado à qualidade”, explicou Kátia que complementou: “assim conseguiremos medir o que os nossos hospitais entregam em serviços sob uma análise de custo-efetividade”.
“Acho que o Brasil está passando por uma fase que, se não fizermos esse debate – para que saibamos onde alocar os escassos os recursos, que infelizmente ainda são destinados à saúde, da maneira mais efetiva possível e com a melhor entrega ao cidadão e com o menor custo possível -, vamos assistir a uma derrota do sistema público de saúde e também da saúde suplementar. É assim que nos tornaremos em verdadeiros protagonistas e não meros expectadores”, alertou a presidente da federação.
“Se trouxermos o discurso profissional para o enfrentamento da questão de se alcançar a sustentabilidade dos nossos hospitais, certamente vamos atingir aquilo que para mim é o ápice de gestões profissionais dos hospitais filantrópicos. Nossos hospitais precisam receber o respeito do poder público pelas instituições que são, instituições que representam por excelência a nossa sociedade no Sistema Único de Saúde”, finalizou Kátia.
O CONGRESSO
O Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos será realizado, de 13 a 15 de agosto, no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21. Com o tema central “Setor Filantrópico: Reconstruindo a Saúde com o Brasil”, o encontro tem como objetivo promover debates de interesse do setor filantrópico de saúde, em busca de atualizar conhecimentos e apresentar ferramentas adequadas para a melhoria da gestão e superação das crises do setor. Programação completa e inscrições pelo site do evento, em http://www.cmb.org.br/