Na manhã desta sexta-feira, 24 de maio, foi realizada, no plenário do Senado Federal, sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento do professor Fernando Figueira, médico pediatra e professor universitário, conhecido pelo seu legado na medicina social e fundador do Instituto de Medicina Integral (Imip) no Recife (PE), posteriormente batizado Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira.
O evento contou com a presença de familiares do homenageado, senadores e deputados, que destacaram a contribuição de Figueira para a saúde pública no estado de Pernambuco e no Brasil, bem como sua atuação em defesa da democracia e dos mais carentes. Também esteve presente no evento, a presidente da Federação das Misericórdias e Entidades Filantrópicas de Pernambuco (Fehospe) e superintendente geral do Imip, Tereza de Jesus Campos Neta, reeleita para mais quatro anos à frente da Federação.
Muitas homenagens
Na ocasião, o senador Humberto Costa (PT-PE), um dos requerentes da homenagem, destacou que sua maior obra, o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), fundado em 1960, e ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS), sintetiza o próprio projeto de vida do professor.
O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), outro dos requerentes, ressaltou a luta de Figueira em favor da saúde pública. “Fernando Figueira deixou um legado enraizado no acesso universal ao sistema público de saúde. Seu foco sempre foi o povo mais carente”, registrou.
O secretário estadual de Saúde de Pernambuco, André Longo, também ressaltou o importante legado deixado pelo professor na elaboração de planos de saúde para o estado, e na organização de vários serviços que ainda hoje compõem a rede estadual de saúde.
Para Silvia Rissin, presidente Impi, o SUS precisa da atenção e grita por socorro. “Não pedimos ajuda, cobramos da sociedade o que elas devem às crianças pobres”, disse Silvia.
Segundo o presidente da Academia Pernambucana de Medicina, Hildo Azevedo, Fernando Figueira teve uma vida pautada na resistência pela democracia. “Sua bravura, sobretudo quando se opunha ao regime militar, só é menor quando comparada com a forma com que defendeu as mulheres e crianças do Imip”, disse.
Para o João Campos, que também sugeriu a realização da sessão, Fernando Figueira, se estivesse vivo, estaria na linha de frente em defesa da educação pública. “Neste momento difícil que o país está passando, eu me pergunto o que ele, que foi professor catedrático da Universidade Federal de Pernambuco, estaria pensando sobre o que a educação brasileira passa hoje, como ele veria esses absurdos cometidos, de maneira repetida, pelo atual governo federal”, assinalou.
Filho do homenageado, Antônio Carlos Figueira agradeceu a homenagem em nome da família e disse que seu pai, por onde passou, fincou a bandeira da ética e da preocupação com o social. “Meu pai foi um homem múltiplo, representante de seu tempo e também à frente dele”, disse.
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Sobre Fernando Figueira
Nascido em 4 de fevereiro de 1919, em Figueira da Foz, Portugal, Fernando Figueira, mudou-se poucos meses depois de nascido para Pernambuco com os pais. Diplomado em 1940, pela Faculdade de Medicina do Recife, iniciou sua vida profissional como clínico geral em Quebrangulo, interior de Alagoas. Em 1948, foi médico do Hospital das Clínicas e Assistente da Cadeira de Clínica Pediátrica na Universidade de São Paulo (USP). Após nove anos, voltou ao Recife obtendo com distinção a livre docência.
Nos anos seguintes, adquiriu experiência profissional como professor visitante nos Estados Unidos, México e Paris. Por meio de concurso, assumiu a cátedra da disciplina de Pediatria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1960 e, em seguida, o cargo de professor titular da Faculdade de Ciências Médicas. Na área científica, Fernando Figueira publicou seis livros e mais de 100 trabalhos. Foi ainda secretário de Saúde no governo de Eraldo Gueiros (1971-1975).
Além da criação do Imip, o professor também criou outras instituições como a Academia Pernambucana de Medicina; Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope); Em Alagoas, fundou o Clube de Xadrez para a comunidade de Quebrangulo e o Clube Cultural Recreativo Monte Castelo. Seu nome também batiza diversas instituições ligadas à saúde por todo o país, como o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro, que é ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Fernando Figueira morreu em 1º de abril de 2003, aos 84 anos.