O jornal O Estado de S.Paulo publicou, em sua edição de sábado (19), um editorial entitulado “Um fôlego para as Santas Casas”, remetendo à expressão utilizada pelo presidente da CMB, Edson Rogatti, durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória que autorizou o uso de recursos do FGTS para a criação de uma linha de crédito com juros menores para os hospitais sem fins lucrativos que atendem o SUS.De acordo com o texto, a medida é um passo importante para aliviar as graves dificuldades enfrentadas pelas Santas Casas e os hospitais filantrópicos, mas está longe de ser a solução do problema. O editorial explicou que poderão ser utilizados 5% dos recursos do FGTS, o que representa, em média, R$ 4 bilhões por ano, além da ampla gama de possibilidades oferecida para a utilização dos recursos: despesas de custeio, pagamento de fornecedores, compra de equipamentos e até mesmo para rolar dívidas anteriores.
O jornal destacou a manifestação do presidente Edson Rogatti, afirmando que “isso aqui (a MP) é só um respiro, um fôlego para que as Santas Casas possam manter as portas abertas”. O texto ressaltou que a principal e mais antiga reivindicação da rede filantrópica é a revisão da tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), que ao longo de sucessivos governos ficou tão defasada que cobre apenas 60% dos custos. “Como os 40% restantes não caem do céu, esse é o ponto central da crise da rede, que a obriga a se endividar continuamente para cobrir essa diferença”, diz o texto.
O editorial disse que o ministro da Saúde descartou a revisão da tabela de procedimentos do SUS, mas apontou que se os hospitais filantrópicos entrarem em colapso, “levam junto toda a rede pública de saúde, da qual depende a imensa população carente”. Para o jornal, no entanto, não deve demorar o tempo em que não haverá mais como o governo limitar-se a medidas paliativas. “É preciso começar a pensar numa maneira de fazer a revisão da tabela do SUS”, concluiu.